Ministério eleva para 6 o número de frigoríficos interditados após Carne Fraca

Unidades interditadas ficam nos estados do Paraná, Goiás e Santa Catarina. Operação investiga corrupção e irregularidades na produção de carnes no país.

  O Ministério da Agricultura atualizou no início da tarde desta segunda-feira (27) a relação dos frigoríficos interditados após a Operação Carne Fraca. O número de unidades interditadas subiu de 4 para 6, envolvendo cinco empresas.
De acordo com o ministério, estão interditadas: uma unidade da empresa Souza Ramos, em Colombo, no Paraná; duas unidades da Peccin, em Curitiba (PR) e Jaraguá do Sul (SC); uma unidade da BRF, em Mineiros (GO); uma unidade da SSPMA, em Sapopema (PR); uma unidade da Farinha de Castro, em Castro (PR).
A decisão de interditar os frigoríficos, informou o governo, foi tomada após fiscais auditarem essas unidades. O ministério não chegou a especificar os motivos, somente informou que foram encontrados indícios de falhas.
No último dia 17, quando a Carne Fraca foi deflagrada pela Polícia Federal, três frigoríficos já haviam sido interditados: um da BRF, em Mineiros (GO), e dois da Peccin Agro Industrial, sendo um em Curitiba (PR) e outro em Jaraguá do Sul (SC).
Nesta segunda, pela manhã, o ministério anunciou que a unidade da Souza Ramos também estava interditada. E, no início da tarde, acrescentou à relação os frigoríficos da SSPMA, em Sapopema (PR), e da Farinha de Castro, em Castro (PR).
De acordo com o Ministério da Agricultura, o número de frigoríficos interditados ainda pode aumentar, isso porque o ministro Blairo Maggi fará, ainda nesta segunda, um balanço das auditorias nas 21 unidades alvos da Carne Fraca.

Recolhimento dos produtos


Na última sexta (24), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, determinou que todos os produtos dos frigoríficos Souza Ramos, Transmeat e Peccin sejam recolhidos do comércio.
A unidade da Peccin foi uma das interditadas pelo Ministério da Agricultura. O frigorífico Souza Ramos, em Colombo (PR), era investigado por suposta substituição de matéria prima de peru por carne de outras aves e por trocar favores para evitar procedimentos de fiscalização.
Já o Transmeat, que fica em Balsa Nova (PR), foi acusado, no inquérito da Carne Fraca, de corrupção e injeção de água em carne de frango.

A operação


Deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, a Operação Carne Fraca investiga corrupção de fiscais do Ministério da Agricultura, suspeitos de receberem propina para liberar licenças de frigoríficos. Segundo a PF, partidos como o PP e o PMDB também teriam recebido propina.
Além de corrupção, a PF também apura a venda, pelos frigoríficos, de carne vencida ou estragada, dentro do Brasil e no exterior.
As investigações envolvem empresas como a JBS, que é dona de marcas como Friboi, Seara e Swift, e a BRF, dona da Sadia e Perdigão, além de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo.
Na semana passada, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já havia anunciado a suspensão das exportações dos 21 frigoríficos investigados pela PF. Três deles fora interditados e pararam a produção. Os outros 18 podem continuar a vender dentro do Brasil.
O Ministério da Agricultura também afastou preventivamente os 33 servidores da pasta que são investigados na Operação Carne Fraca. Segundo o ministério, esses servidores vão responder a processo administrativo disciplinar.

As denúncias da Polícia Federal na operação repercutiram no Brasil e outros países. Alguns dos principais compradores de carne brasileira anunciaram restrições às importações. Alguns deles, como a China e o Chile, entretanto, já derrubraram essas restrições, segundo o governo brasileiro. 

Por Laís Lis, G1, Brasília

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