Texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (22) e vai para a sanção do presidente Michel Temer.
Nesta quarta-feira (22), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto de lei que autoriza o trabalho terceirizado de forma irrestrita para qualquer tipo de atividade. O projeto seguirá agora para sanção presidencial.
Enviada ao Congresso pelo governo Fernando Henrique Cardoso em 1998, a
proposta já havia sido aprovada pela Câmara e, ao passar pelo Senado,
sofreu alterações. De volta à Câmara, o texto aguardava desde 2002 pela
análise final dos deputados.
Em 2015, a Câmara aprovou um outro projeto, com o mesmo teor, durante a gestão do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O texto foi enviado para análise do Senado, mas ainda não foi votado.
Veja abaixo perguntas e respostas sobre a terceirização
O que é?
Na terceirização, uma empresa prestadora de serviços é contratada por
outra empresa para realizar serviços determinados e específicos. A
prestadora de serviços emprega e paga o trabalho realizado pelos
funcionários. Não há vínculo empregatício entre a empresa contratante e
os trabalhadores das empresas prestadoras de serviços.
Como é hoje?
Hoje, não há legislação específica sobre terceirização. No entanto,
existe um conjunto de decisões da Justiça - chamado de súmula - que
serve como referência. Nesse caso, essa súmula determina que a
terceirização no Brasil só é permitida nas atividades-meio, também
chamadas de atividades secundárias das empresas.
Auxiliares de limpeza e técnicos de informática, por exemplo, trabalham
em empresas de diversos ramos. Por isso, suas ocupações podem ser
consideradas como atividades-meio, ou seja, não são as vagas principais
da empresa.
Como deverá ficar?
Se a lei for sancionada pelo presidente Michel Temer, haverá permissão para terceirização de qualquer atividade.
Uma escola, por exemplo, poderá contratar de uma empresa terceirizada
tanto faxineiros e porteiros (atividades-meio) quanto professores, que
são essenciais para dar aulas (atividades-fim).
Quem vai contratar os funcionários e pagar os salários?
O trabalhador será funcionário da empresa terceirizada que o contratou.
Ela que fará a seleção e que pagará o salário. Por exemplo, uma fábrica
de doces contrata uma empresa terceirizada que presta serviço de
limpeza. Os auxiliares de limpeza, nesse caso, serão funcionários da
empresa terceirizada, que os contratou, não da fábrica de doces.
Existe algum vínculo de emprego entre a empresa que contratou os serviços da terceirizada e os funcionários da terceirizada?
O projeto aprovado pela Câmara não prevê vínculo de emprego entre a
empresa que contratou o serviço terceirizado e os trabalhadores que
prestam serviço. Por exemplo, um garçom terceirizado não terá vínculo de
emprego com o restaurante onde trabalha. Seu vínculo será com a empresa
terceirizada que o contratou para prestar esse tipo de serviço.
Caso os trabalhadores terceirizados fiquem sem receber e procurem a Justiça, qual das empresas vai ter que pagar?
O texto aprovado prevê que a empresa que contratou o funcionário é
responsável pelo pagamento. O processo corre na Justiça do Trabalho como
qualquer outro. No entanto, se a terceirizada for condenada pela
Justiça a pagar e não tiver mais dinheiro nem bens, a empresa que
contratou seus serviços será acionada.
E as contribuições previdenciárias?
De acordo com texto aprovado, as contribuições ao INSS deverão seguir
uma regra já determinada em lei. A empresa que contrata a terceirizada
recolhe 11% do salário dos funcionários. Depois, ela desconta do valor a
pagar à empresa de terceirização contratada.
Como ficam as condições de trabalho dos terceirizados?
É facultativo garantir aos terceirizados o mesmo atendimento médico e
ambulatorial destinado aos empregados da contratante, assim como o
acesso ao refeitório. Já as mesmas condições de segurança são
obrigatórias.
Há alguma mudança para os trabalhadores temporários?
Nesta quarta-feira, também foi aprovada ampliação do tempo em que o
trabalhador temporário pode ficar na mesma empresa. De três meses, o
prazo foi ampliado para seis meses. Além desse prazo inicial, poderá
haver uma prorrogação por mais 90 dias.
Na prática, a extensão do prazo de contratação de trabalhador
temporário para nove meses já estava valendo por meio de portaria do
governo de 2014. No entanto, após a sanção desse projeto de lei aprovado
na quarta-feira pela Câmara, o novo prazo vira lei.
Qual é a avaliação que fazem da aprovação da terceirização?
Críticos da proposta enxergam na possibilidade de terceirização da
atividade-fim uma abertura generalizada que precarizará uma modalidade
de trabalho já fragilizada.
Favoráveis ao texto, no entanto, afirmam que a regulamentação trará
segurança jurídica e terá resultados na geração de emprego, razão pela
qual o tema ganhou o interesse do Palácio do Planalto.
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