A cidade de Ipiaú foi apontada como a “campeoníssima” no número de
fraudes contra a previdência e o seguro desemprego, de acordo com
levantamento da Polícia Federal e órgãos envolvidos na “Operação
Melaço”, deflagrada na manhã desta quarta-feira (23) em diversos
municípios do interior. Dois agentes conveniados com o Sine – Sistema
Nacional de Empregos, foram presos durante a operação. Em entrevista
coletiva realizada na cidade de Jequié, representantes da Polícia
Federal, Ministério Público, Previdência Social e outros órgãos que
participam das investigações, disseram que a quadrilha tinha atuação em
várias cidades, se estendendo até o extremo sul da Bahia. Ao menos cinco
suspeitos foram presos em Ipiaú, entre eles um servidor da prefeitura
municipal, identificado como Gean César e a funcionária do SineBahia,
Juvanete Nascimento de Souza (ver aqui).
Operação foi desencadeada na manhã dessa quarta-feira (Foto:Giro Ipiaú) |
Só em Ipiaú, uma pessoa foi presa com 1.500 requerimentos fraudulentos
de seguro desemprego. Os escritórios do Sistema Nacional de Emprego –
Sine – foram alvo das investigações, com mandados de busca e apreensão
nas cidades de Valença, Ipiaú, Prado, Itamaraju, Santa Cruz Cabrália e
Porto Seguro. O chefe da organização criminosa é um técnico em
contabilidade, também da cidade de Ipiaú, já indiciado desde 2007, por
fraude contra a Previdência Social. As investigações prosseguem e os
investigadores dizem que foi preciso fazer a ação agora, devido ao
elevado número de fraudes registradas. De acordo com essas
investigações, os fraudadores eram muito ágeis na constituição de novas
empresas e os que foram presos nesta quarta-feira, devem auxiliar na
indicação de outros fraudadores.
Os principais envolvidos, de acordo com as revelações feitas na coletiva
desta manhã, são técnicos em contabilidade e dois agentes públicos
credenciados. O prejuízo já identificado passa dos R$17 milhões, segundo
as investigações preliminares. O dano à previdência social, está
estimado em R$5 milhões. Cerca de 200 empresas estão envolvidas, segundo
o levantamento. Ainda de acordo com representantes do Ministério
Público Federal, a investigação durou cerca de um ano e, durante esse
período, empresários chegaram a procurar o MPF para denunciar que as
suas empresas estavam sendo usadas de forma fraudulenta, na aplicação
dos golpes. Isso permitiu à PF chegar aos autores de alguns dos crimes. O
golpe aplicado atingiu a muitas pessoas humildes da zona rural de
cidades do sudoeste da Bahia. Algumas dessas pessoas tiveram nomes
utilizados indevidamente na fraude, enquanto outras recebiam quantias
entre cem e duzentos reais para ir aos bancos receber o dinheiro,
repassando o valor maior para a quadrilha. *Nota do Agora na Bahia
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