O patrocínio foi destinado para restauração do Convento de Cairú. |
Um patrocínio cultural da Petrobras ao Grupo Humanista Papamel (sediado
em Ipiaú) para a restauração de um convento e uma igreja na Bahia teve
dano ao erário de R$ 4,2 milhões e tráfico de influência na escolha da
entidade beneficiada, aponta auditoria da CGU (Controladoria-Geral da
União). As obras do convento e da igreja de Santo Antônio de Cairu, no
município de Cairu (294 km de Salvador), até hoje estão inacabadas.
Segundo a CGU, isso contraria os relatórios técnicos da Petrobras, que
contabilizam a realização de 100% das obras previstas no orçamento,
enquanto a controladoria detectou, por amostragem, que 26% dos serviços
previstos não foram executados. Os repasses foram feitos entre 2005 e
2009, época da gestão do ex-presidente José Sérgio Gabrielli. O
patrocínio cultural teve contratos assinados por Wilson Santarosa,
gerente de comunicação da Petrobras. Por meio do patrocínio cultural, a
Petrobras destinou R$ 7,6 milhões à ONG Grupo Ecológico Humanista
Papamel, que subcontratou uma empresa recém-criada, a Patrimoni, para a
qual repassou a maior parte dos recursos. Nem a Papamel nem a Patrimoni
possuíam experiência em restauração de patrimônio histórico, diz a CGU.
“Pela data de abertura da empresa Patrimoni, já se percebe que ela foi
deliberadamente constituída para executar as obras de restauro do
convento franciscano e da igreja de Santo Antônio de Cairu”, afirma o
relatório. Segundo a CGU, a escolha da ONG “não atendeu ao interesse
público, caracterizando claramente o direcionamento na seleção da
entidade proponente”.
Outro lado Procurada, a Petrobras afirmou que “as obras relativas aos
contratos de patrocínio foram realizadas”, apesar de admitir que a
restauração ficou inacabada “devido à ocorrência de diversos
imprevistos, como, por exemplo, a descoberta de sítios arqueológicos”. O
membro do Grupo Humanista Papamel, Emídio Neto, informou em nota
enviada a impressa que a atual diretoria, nomeada em 16 de dezembro de
2012, vem contribuindo com as investigações e espera que aqueles que
foram responsáveis pela movimentação da Conta do Projeto Cairú sejam
punidos. Leia a nota na íntegra.
Neto do PAPAMEL informa que desde 2010 colabora com as investigações. |
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