O leilão de uma faixa de transmissão para internet 4G está preocupando o
setor de radiodifusão. Os testes feitos até agora indicam que o uso
desta banda de transmissão pode provocar interferência na recepção da TV
digital em casa. A TV digital, aberta e gratuita, já é
uma realidade na vida do brasileiro. Outra tecnologia moderna que está
se espalhando pelo Brasil é a internet 4G. O
governo planeja leiloar, ainda este ano, uma nova faixa de frequência
para que as operadoras de telefonia possam oferecer mais serviços de
telecomunicação móvel no sistema 4G.
É como se
fosse uma estrada, cada serviço trafega em uma faixa. A que vai ser
leiloada para o 4G é próxima da usada pela TV digital, o que, segundo os
especialistas, provoca interferências. Um serviço invade a faixa do
outro.
A Sociedade Brasileira de Engenharia de
Televisão fez testes para medir essas interferências e concluiu que elas
podem cortar tanto o sinal da TV quanto do 4G. “São
testes de laboratório. E isso realmente indicou que tem que se tomar
cuidado com a questão da interferência, isso tem que ter normas que
protejam o serviço de televisão e vice-versa. O que que é essa
interferência? Ela vai interromper a recepção da sua casa, ou porque ela
interrompe e congela, ou porque vai para uma tela escura”, alerta o
Olímpio José Franco, presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de
Televisão.
Na semana que vem a Agência Nacional de
Telecomunicações, a Anatel, pretende votar o chamado "regulamento de
interferência", um documento que estabelece todas as condições técnicas
para a convivência dos dois serviços. E abrir o regulamento para a
consulta pública. A Associação Brasileira de
Emissoras de Rádio e Televisão, a Abert, diz que essas etapas só
deveriam ser realizadas depois que todos os testes de convivência entre
os dois serviços fossem concluídos, os resultados analisados e um
relatório final sobre o assunto, elaborado. “É
importante que haja a conclusão dos testes para que a gente possa
dimensionar quais as medidas necessárias para mitigar esses problemas. E
assim não deixar e não privar os brasileiros do seu principal meio de
informação e entretenimento, que é a televisão aberta”, afirma Daniel
Slavieiro, presidente da Abert.
A solução adotada
em outros países é a instalação de filtros nos aparelhos, antenas e
estações de transmissão de celular. Para decidir como funcionarão estes
filtros é preciso fazer mais testes. “Adotar
normas um pouco mais rigorosas, mais precisas, como o Japão está criando
uma”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de
Televisão. Entidades do setor de radiofusão, lideradas pela Abert, encaminharam à Anatel um ofício pedindo mudança no cronograma do leilão. O
documento também foi enviado para o ministro das Comunicações, Paulo
Bernardo.
A Anatel pretende marcar o leilão para o segundo semestre
desse ano com ele, o governo espera arrecadar até R$ 7,5 bilhões. O
presidente da Anatel disse que não há pressa na execução do cronograma e
que a consulta pública vai ficar aberta por 40 dias para que todos os
setores interessados se manifestem.
Ele garantiu que o leilão não
ocorrerá enquanto as dificuldades técnicas não forem superadas. “Enquanto
não se concluir todos os testes, remover todas as dúvidas de todos os
setores, radiodifusão, telecom, indústria, de que não há interferência,
não haja interferência de um setor no outro, a Anatel não vai marcar o
leilão”, declara Joao Batista de Rezende, presidente da Anatel. O
Ministério das Comunicações não quis se manifestar sobre o leilão do
4G. A Abert, a Abra e a Abratel, associações que representam as
emissoras de rádio e de televisão, pediram audiência com a presidente
Dilma para expor a preocupação com o tema. (G1)
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