Segundo um dos manifestantes, o movimento é "libertário"
Minutos
depois da assembleia que definiu, na noite de quarta-feira, a
desocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre (RS), invadida no
dia 10 de julho, um grupo de manifestantes, em frente aos quadros dos
ex-presidentes da Casa, tirou as roupas para marcar o ato.
Em uma imagem
que circula nas redes sociais, 22 pessoas aparecem nuas e, acima delas,
alguns quadros foram virados de cabeça para baixo, como forma
de protesto. "Há coisas mais importantes para a gente, avaliamos que
isso não era muito grave. Não houve consenso (sobre a foto) porque isso
sequer foi discutido, mas temos que deixar claro que nos certificamos e
não tinha nenhuma criança presente na Câmara", afirmou Daniel, um dos
integrantes do ato de ocupação.
Segundo ele, o movimento é "libertário" e
"não é possível repudiar ou repreender essa atitude". Por
volta das 9h desta quinta-feira, os manifestantes deixaram a Casa,
conforme acordo firmado em uma audiência de conciliação na noite de
ontem com Thiago Duarte (PDT), presidente
do Legislativo municipal. A maioria deles ficou em frente ao prédio,
enquanto dois grupos acompanhavam a vistoria realizada nas dependências
da Câmara e o protocolo dos dois projetos elaborados por eles.
Um
é pelo passe livre a desempregados e estudantes, e o outro para
abertura das planilhas dos empresários do transporte público. Não houve
danos ao patrimônio público. Conforme Duarte, o movimento foi político e
"os vereadores que apoiaram quebraram o juramento que foi feito no dia
da posse. Ele sinalizou a possibilidade de um processo por quebra de
decoro contra vereadores do PT e do Psol, que ajudaram na negociação.
O
vereador Carlos Comassetto (PT) rebateu Duarte, dizendo que o
presidente da Casa tentou politizar a situação, rompendo o diálogo. A
audiência que confirmou a desocupação foi mediada pela juíza Cristina
Luíza Marquezan da Silva, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto
Alegre.
O acordo foi costurado pela
promotora Maria Cristina Santos de Luca, representante do Ministério
Público, que a todo momento pedia que tanto os manifestantes quanto o
presidente da Casa cedessem. Inicialmente, os manifestantes tinham feito
seis exigências, que acabaram reduzidas aos dois projetos.
O
maior impasse durante a audiência era sobre como seriam protocolados os
projetos, já que o presidente da Câmara permanecia irredutível em sua
posição de não abrir o setor de protocolo antes da desocupação do
prédio.
Diante dos apelos dos mediadores, porém, Duarte acabou
cedendo. A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um
amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e
significados de um movimento popular singular na história brasileira
desde a restauração do regime democrático em 1985.
A revogação dos
aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São
Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas
vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela
própria e seu governo alvos de críticas.
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