O ministro Joaquim Barbosa foi além da repisada tese de que o mensalão
comprou votos em favor dos projetos do governo Lula. O dinheiro que
jorrou pelo valerioduto aos milhões em direção a pequenas e médias
legendas, de pouca densidade ideológica, serviu para comprar mandatos,
isto é, retirou deputados dos partidos pelos quais foram eleitos e os
conduziu para outros.
Foi assim que, segundo o relator, PL e PTB dobraram de tamanho, com um
aumento de 100% de suas bancadas, e o PP, de 30%.
A migração se intensificou e virou êxodo quando o
dinheiro do mensalão jorrou para as mãos dos líderes destes partidos,
com transferências que chegaram à periodicidade semanal, em montantes
que iam de R$ 100 mil a R$ 500 mil, nesta fase.
Quem convenceu Barbosa disso não foi o Procurador Geral, Roberto Gurgel,
e sua peça acusatória.
Foi o próprio Roberto Jefferson, que o ministro já condenou ontem por
corrupção passiva. O deputado cassado, em depoimento à CPI dos Correios,
em 2005, foi quem apontou as razões comerciais dos deputados para a
troca de legendas.
O próprio Jefferson, quando resolveu confrontar o mecanismo de compra de
adesão, se irritou com o assédio dos líderes de outros partidos, que
tentavam tiram deputados das fileiras do seu PTB. E declarou em CPI:
"Pedro Henry [líder do PP] vivia tentando cooptar parlamentares do meu
partido e falei que quem mais criou embaraços até quando eu denunciei
este esquema foi Henry e depois o Janene e o PL."
Viu-se, com o tempo, que nem havia tanto motivo de disputa. O dinheiro
jorrou farto para a grande família de aliados.
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